Todas as pessoas retratadas na seção Personagem do Mês são especiais. Algumas, no entanto, são especialíssimas. É o caso de Ático Alves de Souza, um símbolo para toda a nossa categoria profissional.
Baiano de Monte Santo, ele migrou para São Paulo em 1949, em busca de oportunidades. E começou pegando no pesado, primeiro como servente de pedreiro e depois faxineiro num restaurante. De lá para cá, ele galgou todos os degraus da profissão até seu ápice, como maitre d’hotel. Este, hoje com 92 anos, teve a responsabilidade profissional de atender todos os Presidentes da República – de Getúlio Vargas até Lula.
Sua história, na verdade, se mistura com a de nosso Sindicato. Aliás, duas histórias de sucesso! Enquanto o Sinthoresp completa 86 anos, em julho, o sr. Ático dedica pelo menos 70 deles à arte de bem-servir.
Não à toa, nossa diretoria escolheu o dia do aniversário da entidade para homenageá-lo com o Prêmio Voo de Gaivotas, nossa mais alta condecoração, já concedida a ministros de Estado e a personalidades do mundo jurídico e sindical.
Mas a homenagem não terminou ali. Por sua história, exemplo e legado, Ático Alves e Souza protagoniza a quarto Perfil da sessão “Personagem do Mês”.
Histórico – Aos 8 anos de idade, o garoto Ático começou a trabalhar na roça, em Monte Santo, sua cidade natal. Chegou em São Paulo no ano de 1949, aos 23 anos. Como muitos retirantes nordestinos arranjou o primeiro emprego como ‘rala-pescoço’, o popular servente de pedreiro, na Lapa, zona Oeste da Capital.
Apenas um mês após, Ático conseguiu seu primeiro emprego no setor. Foi na Cantina Cambusa, no Centro de SP. Lá ele trabalhava como faxineiro, mas vira-e-mexe era incumbido de servir os clientes, em substituição ao barman, que faltava com frequência. Mesmo sem dominar a profissão chegou a servir, “no susto”, autoridades como Getúlio Vargas, Marechal Lott e outros.
Mas a trajetória do baiano Ático seguiria em rota ascendente. Tanto assim que foi contratado como mensageiro pela confeitaria Fasano, na rua Barão de Itapetininga, região central da cidade. A casa era comandada pelo histórico Ruggero Fasano.
Mas o desejo de Ático era mesmo trabalhar no salão. Não titubeou, portanto, quando o italiano Fabrizio Guzzoni o convidou para integrar a equipe do Ca’d’Oro, fundado em 1953, na mesma rua onde funcionava o Fasano. “Aprendi com o Fabrizio 90% da minha profissão.”, ele conta.
Nos salões do restaurante, primeiro na Barão de Itapetininga, depois na Basílio da Gama e, por fim, na Rua Augusta, Ático ficou até 1990 e tornou-se símbolo do restaurante, onde até hoje é reconhecido pela clientela.
Quando deixou o Ca’d’Oro, o maître pensou em se aposentar. Isso até Rogério Fasano ligar e convidá-lo para voltar ao Grupo Fasano e continuar a servir o Bollito, cozido italiano de carnes e legumes, sempre acompanhado de pirão de farinha de rosca – prato campeão de pedidos.
Ático já está há 27 anos no restaurante Parigi. Muito querido pela freguesia, ele aponta que o segredo do sucesso é “saber respeitar o espaço do cliente e falar apenas o necessário”.
Sinthoresp – Para o sr. Ático, respeito é fundamental em todas as áreas da vida, inclusive no Sindicato, onde foi diretor, membro do Conselho de Ética, ao lado do nosso atual secretário-geral Rubens Fernandes e do diretor Paulo Pereira. Ele testemunha: “O Sinthoresp é uma entidade maravilhosa, onde reina a cordialidade. Tenho muito orgulho em pertencer a essa entidade e à nossa categoria”.
Homenagem – Em 10 de julho, dia em que o Sinthoresp completou 86 anos, o maître, acompanhado por familiares, recebeu o Prêmio Voo de Gaivotas e foi homenageado pelos amigos, alguns deles ex-colegas de Ca’d’Oro e Fasano. É o caso dos nossos diretores Edimundo Alves dos Santos e Josuel Fonseca.
Para nosso presidente Francisco Calasans Lacerda, que, na solenidade, fez questão de tirar o chapéu para o amigo, a homenagem do Sindicato é não só para o profissional Ático de Souza, “mas também ao homem cujos exemplo e retidão o transformaram num símbolo dentro da nossa categoria profissional”.