Por Francisco Calasans Lacerda
Vê-se grande número de jornalistas e de políticos manifestando-se de forma pejorativa contra a organização sindical e à contribuição, que é imprescindível para o seu custeio. Essas críticas frequentemente se baseiam no argumento desgastado de que a contribuição é “uma exploração dos trabalhadores”, sugerindo que os sindicalistas “se apropriam desse dinheiro para seu interesse pessoal”, incluindo o financiamento de candidaturas político-partidárias e outros propósitos questionáveis. Além disso, argumentam que a contribuição sindical é um retrocesso, e que contraria a reforma trabalhista, considerada por eles como um avanço social.
Sou obrigado a concordar que uma reforma é necessária, mas vejo, entretanto, um profundo e comprometedor desconhecimento do assunto por partes desses nocivos comentadores.
Chamo esses comentadores de nocivos porque desconhecer que a estrutura sindical significa uma conquista da classe trabalhadora ao tempo em que o trabalho escravo era uma realidade, é uma grosseria antissocial. Da mesma forma, desconhecer que a estrutura sindical brasileira foi debatida extensivamente durante a Assembleia Nacional Constituinte, resultando em sua plena aceitação, com avanços em termos de liberdade e autonomia sindical, é igualmente grave. Foi essa Constituição que ficou conhecida como “Constituição Cidadã”.
Portanto, o que precisamos fazer é dar um passo atrás na caminhada retrógrada iniciada com a reforma trabalhista de 2017. Aí está o retrocesso, pois é inconcebível pensar-se em “autonomia de vontade” em relação a trabalhadores que continuam oprimidos pela força monstruosa do capital.
Devemos corrigir quaisquer distorções e garantir a sobrevivência dos sindicatos, para que a República possa alcançar os objetivos fundamentais mencionados no Artigo 3º da Constituição Federal. É hora de reconhecer a importância das organizações sindicais na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Assim, dá-se ao mar e à terra a parte justa de cada um deles.
Francisco Calasans Lacerda é Presidente do Sinthoresp