A governanta Cláudia Lima contou um pouco sobre sua história na governança. Ela é associada do Sinthoresp há 12 anos e passou por diferentes áreas até chegar ao cargo que ocupa atualmente. Cláudia é formada em hotelaria e produziu uma apostila para trabalhadores que atuam no setor, orientando não só sobre as atividades braçais, mas também para facilitar a comunicação dos colaboradores, principalmente na pronuncia de palavras estrangeiras.
Cláudia trabalhou colhendo café em Minas Gerais, mas quando voltou para São Paulo iniciou as atividades na hotelaria, como camareira. “Eu comecei em 2003, como camareira. Antes disso trabalhei como colhedora de café. Comecei sem muito conhecimento, fiz treinamento e passei a me apaixonar pela profissão”, conta.
Com o passar do tempo, ela passou a se interessar ainda mais pelo setor e decidiu terminar o ensino médio para cursar hotelaria na faculdade. “Terminei o supletivo e consegui uma bolsa de 100% na faculdade de hotelaria, acordava 04h30 da manhã e ia direto para a faculdade. No começo foi um desafio, tinha dificuldade para mexer em computadores, mas fui aprendendo”, diz.
Mesmo com bolsa integral, a paulista conta que os custos para se manter com a rotina de trabalho e estudos eram mais altos que o esperado, mas felizmente pôde contar com apoio das colegas de trabalho. “Apesar da bolsa de estudos, vi que o custo era alto para manter a rotina, algumas colegas me ajudavam com o lanche da faculdade por um tempo”, afirma.
Sobre o projeto da apostila de governança, Cláudia explica que quem ajudou a levar o projeto adiante foi uma professora, e a apostila lhe rendeu frutos. “Durante os 2 primeiros anos, uma professora de governança me notou, eu estava produzindo uma apostila para facilitar a comunicação dos profissionais, e instruindo sobre atividades básicas, com essa apostila consegui uma bolsa para um curso de inglês”, explica.
Seguindo a rotina de trabalho e estudos, Cláudia começou a crescer profissionalmente, até que chegou ao cargo de governanta, ela revela que o crescimento também trouxe mais responsabilidades, o que a levou a aprimorar as estratégias para que a demanda do hotel fsse cumprida sem prejudicar os trabalhadores. “Ao longo do tempo fui crescendo e passei a trabalhar como governanta, onde aprendi muito sobre dinâmicas de equipe. Fui cronometrando o tempo que levava cada atividade, e apresentei aos donos tudo o que precisávamos para que as demandas fossem cumpridas, o tempo necessário e a necessidade de novos funcionários”, diz.
Desafios e soluções para a equipe – Apesar de atuar como governanta, Cláudia comenta que a demanda das camareiras e arrumadeiras é muito grande e ressalta que o amor e disposição são os principais requisitos para o trabalho. “O trabalho da camareira é muito árduo, são de 19 a 25 apartamentos, tudo muito rápido. Hotelaria é uma área que precisa de muito amor, servir é amor. Quando você chega em um quarto e o apartamento está arrumado e perfumado, outros detalhes, como um chocolate no travesseiro não faz falta. É um trabalho de muita empatia e entrega”, afirma.
Ainda sobre o amor à profissão, a governanta destaca que apesar de ocupar um cargo de administração, ela gosta de auxiliar as equipes e acompanhar de perto os trabalhos realizados. “Hoje, mesmo como governanta, gosto de colocar a mão na massa, acompanhando e dando suporte e às equipes. Por conta da pandemia, precisamos montar uma nova logística e participo ativamente das atividades da equipe”, acrescenta.
Sobre a gerencia e especialização da equipe que lidera, Cláudia conta que já fez cursos no Sinthoresp, e indicou o mesmo para os membros, que assim o têm feito. “Eu fiz todos os cursos disponíveis no Sinthoresp, mesmo após a faculdade e toda a minha equipe foi instruída a fazer o mesmo. É importante buscar conhecimento, todos precisam saber fazer um pouco de tudo e é necessário conhecer a área, ter domínio sobre a hotelaria”, afirma.
Empatia e cuidado com os colaboradores – Dentre os muitos desafios de um cargo de liderança, Cláudia relembra a história de superação que viveu com uma ex-colega. “Trabalhei com uma camareira, outras pessoas falavam sobre o mal cheiro e se afastavam, mas nunca tentaram conversar com ela sobre. Quando resolvi conversar com ela, soube que por conta da depressão já não se cuidava há 6 meses, a levei ao atendimento médico do Sinthoresp e ela iniciou o tratamento. Posteriormente ela iniciou também o tratamento odontológico e organizei para ela um dia de beleza. Após isso ela conseguiu um emprego melhor e faz cursos até hoje para se especializar, seguimos mantendo uma amizade”, explica.
A governanta disse ter aprendido muito com a experiência e afirma que exercer liderança é se importar com seus colaboradores. “Me senti útil como pessoa, não é só liderar no trabalho, precisamos de empatia e cuidar das pessoas. Liderar não é ficar atrás de uma mesa dando comandos, é se envolver no trabalho, com cada um da equipe e entender as necessidades de quem trabalha ali, o diálogo pode até tornar o trabalho mais prático”, finaliza.