As seis maiores Centrais publicaram Carta na qual manifestam ao presidente Bolsonaro (PSL) disposição de construir “diálogo em benefício dos trabalhadores”. Elas pontuam que as maiores preocupações são a política de valorização do salário mínimo, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, o seguro-desemprego, o abono salarial e a qualificação profissional, visando ampliar os empregos.
Segundo o documento, “faz parte do processo democrático investir numa ampla negociação com o governo federal, o Congresso, a sociedade civil e seus segmentos organizados, como via civilizada para a construção de consensos políticos, econômicos e sociais fundamentais ao desenvolvimento do Brasil”.
João Carlos Gonçalves (Juruna) é secretário-geral da Força Sindical, Central à qual o Sinthoresp é filiado. Juruna defende amplo diálogo “com todos os Três Poderes, ou seja, Executivo, Legislativo e Judiciário”. Ele também recomenda mobilização. “Dialogar não quer dizer desmobilizar nossas bases. Ao contrário, a luta das categorias profissionais deve ser permanente”, afirma.
Leia a Carta na íntegra:
“EXMO. SR.
JAIR MESSIAS BOLSONARO
MD. PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
BRASÍLIA – DF
As Centrais Sindicais que firmam a presente vêm, respeitosamente, apresentar-se à Vossa Excelência com disposição de construir um diálogo em prol dos trabalhadores e do povo brasileiro.
Nesse diálogo representamos os trabalhadores, penalizados pelo desemprego que atinge mais de 12 milhões de pessoas, 11,7% da população economicamente ativa (IBGE/Pnad) e pelo aumento da informalidade e consequente precarização do trabalho. Temos assistido ao desmonte de direitos historicamente conquistados, sendo as maiores expressões desse desmonte a reforma trabalhista de 2017, os intentos de reduzir direitos à aposentadoria decente e outros benefícios previdenciários, o congelamento da política de valorização do salário mínimo e os ataques à organização sindical.
Preocupa-nos sobremaneira o destino da política de valorização do salário mínimo, do Fundo de Garantia (FGTS), do seguro-desemprego, do abono salarial, das políticas de intermediação de mão de obra e de qualificação profissional, fundamentais neste momento de crise econômica.
Embalados por certa retórica liberal, setores do governo falam em descarregar todo o ônus do ajuste fiscal nas costas dos trabalhadores e aposentados, quando já é sabido que geração de empregos de qualidade, salários crescentes e mais direitos dependem do crescimento sustentado e vigoroso da economia e da melhoria do ambiente de negócios.
Os trabalhadores, representados pelos seus Sindicatos, Federações, Confederações e Centrais Sindicais não abdicarão do direito constitucional e democrático de lutar por um programa que contemple a geração de trabalho decente, a valorização do salário mínimo e o fortalecimento da negociação coletiva. Essa condição nos obriga a exercer a representação plena dos trabalhadores junto ao vosso Gabinete, aos Ministros, assim como na Câmara dos Deputados e no Senado, nos fóruns, colegiados de órgãos públicos e demais espaços que possuam composição tripartite, nos quais estejam em discussão assuntos que se referem ao mundo do trabalho e emprego.
Faz parte do jogo democrático investir num amplo processo de negociação política com o envolva o governo federal, o parlamento, a sociedade civil e seus segmentos organizados, como a via civilizada para construção de consensos políticos, econômicos e sociais fundamentais ao êxito do desenvolvimento.
Nesse sentido, as Centrais Sindicais esperam que todas as medidas que atinjam os trabalhadores passem por um amplo processo de discussão e negociação e reiteramos que a necessária defesa dos direitos dos trabalhadores é totalmente compatível com a construção de um País mais justo, democrático, moderno e desenvolvido.
Saudações classistas e sindicais.
Atenciosamente: Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT); Miguel Eduardo Torres, presidente da Força Sindical; Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT); Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB); José Calixto Ramos, presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST); e Antônio Neto, presidente da Central de Sindicatos Brasileiros (CSB).